A tensão comercial entre Estados Unidos e China tem reforçado o protagonismo do Brasil como principal fornecedor de soja ao país asiático. As tarifas de 10% sobre a soja americana fez com que as compras ficassem concentradas no mercado brasileiro.
Segundo levantamento do Commerzbank, a participação dos embarques do Brasil ficou entre 85% e 89%, um movimento que coincide com a projeção recorde de produção nacional divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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O Brasil deve colher 177,6 milhões de toneladas de soja na safra 2025/26, novo recorde e 6 milhões de toneladas acima do ciclo anterior. A área plantada deve crescer 3,6%, alcançando 49,1 milhões de hectares, segundo a Conab.
Para a safra 2025/26 como um todo, a Conab prevê 354,7 milhões de toneladas de grãos e fibras, alta de 0,8% em relação ao ciclo anterior, impulsionada pelo avanço de 3,3% na área de plantio, estimada em 84,4 milhões de hectares.
China amplia importações de soja e fortalece dependência do Brasil
Em setembro, a China importou 12,87 milhões de toneladas de soja, o segundo maior volume desde 2001 e um aumento de 13% na comparação anual, segundo dados da alfândega chinesa.
De janeiro a setembro, as compras totalizaram 86,18 milhões de toneladas, alta anual de 5,5%. Os Estados Unidos tiveram participação marginal, com apenas 3% das exportações em julho e menos de 2% em agosto.
Segundo o banco, além das tarifas, o atraso na chegada da nova safra americana e a escalada das tensões comerciais têm reforçado a busca por fornecedores alternativos — com o Brasil ocupando o espaço de forma consistente.
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“Brasil é o grande beneficiário da guerra tarifária”, diz especialista
Para Guto Gioielli, fundador do Portal das Commodities, a disputa entre EUA e China “redesenhou o mapa global da soja”, com o Brasil assumindo o protagonismo nas exportações.
“Cerca de 90% das importações chinesas vieram do Brasil neste ano. A combinação entre supersafra e guerra tarifária consolidou o país como principal fornecedor da China”, explica Gioielli.
Segundo ele, com a produção total de grãos projetada em 354,7 milhões de toneladas, o Brasil tende a manter sua liderança global, sustentado pela demanda chinesa e pela continuidade das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.